Se você é um apreciador de café, provavelmente sabe que grande parte do café que bebemos vem do grão arábica. Mas quanto você realmente sabe sobre a origem desses grãos e os rituais e tradições associados a eles e a relação do café com o Oriente Médio?
Dado que a maior parte do café Arábica hoje em dia é produzida em lugares como Quênia, Java e Colômbia, você pode se surpreender ao saber que o café se originou no Oriente Médio – embora o nome Arábica faça alguma alusão à sua história. Veja abaixo algumas coisas que você talvez não saiba sobre a história do café.
O mundo agradece o Iêmen pelo café
No Sul da Península Arábica, mais precisamente no Iêmen, é onde acredita-se torraram e prepararam os primeiros grãos de café. Rastrea-se até o local a palavra ‘café’. Café vem da palavra holandesa, koffie, que surgiu da palavra turca, kahve, que originalmente veio do árabe, qahwa, que ainda hoje é usado na região. A evolução da palavra reflete a expansão do café ao longo das Rotas da Seda da Arábia do Sul para a Europa no século XVI.
Não são os grãos que distinguem o café árabe
O café árabe é um famoso símbolo cultural em todo o Oriente Médio e Norte da África. Muitas pessoas pensam que o que torna o café árabe diferente do café consumido em outras partes do mundo é o tipo de grão usado, mas não é o caso. Ele usa o mesmo grão de arábica que encontramos em nossos expressos e lattes de caramelo, mas os diferentes métodos de preparo e sabores adicionados são o que o torna único.
Ferve-se, filtra-se e geralmente prepara-se o café árabe com cardamomo. Sua força e cor variam em toda a região – por exemplo, no Levante, o café árabe é geralmente espesso e de cor escura, enquanto em partes da Península Arábica, como Nejd e Hejaz, o açafrão é adicionado para dar uma cor mais pálida ou dourada. Às vezes, também adiciona-se cravo e canela para dar um sabor extra.
O ritual do café no Oriente Médio é parte integrante das relações sociais e comunitárias
Embora muitas vezes apressemos nossa xícara matinal para chegar ao trabalho ou começar o dia, a preparação do café no Oriente Médio e Norte da África é mais lenta – é um ritual, uma prática cerimonial crucial para unir famílias e comunidades. Em parte, é por isso que a UNESCO declarou oficialmente o café arábico como Patrimônio Cultural Imaterial da região.
O café árabe é um unificador: homens e mulheres apreciam em todos os setores da sociedade. Ao longo dos séculos e gerações as praticas foram transmitidas pelas famílias, e o esforço que é colocado em cada xícara dá uma noção muito real de seu significado cultural.
Seleciona-se cuidadosamente, torra-se e moem os melhores grãos. Adiciona-se água, prepara-se sobre uma chama e serve-se em pequenos copos decorativos chamados finjān, às vezes de uma cafeteira alta e elegante chamada dallah. O café em si é amargo e forte, geralmente servido sem açúcar, mas acompanhado de algo doce para equilibrar o sabor – geralmente tâmaras..
Um símbolo de hospitalidade e generosidade
A hospitalidade árabe é famosa em todo o mundo e o café é uma parte extremamente importante dessa experiência. Preparam e servim o café aos hóspedes, seja em família ou em reunião de negócios.
Os convidados geralmente são recebidos para café e encontros no majlis, uma sala designada com sofás ou almofadas no chão, destinada especificamente para reuniões. A maioria das casas (e até mesmo muitos escritórios e ministérios do governo) tem um majlis , especialmente no Golfo. Às vezes, uma casa terá dois – um para homens e outro para mulheres. O café – e claro, o majlis – é especialmente importante durante as festividades e celebrações como o Eid, juntamente com outras reuniões familiares e comunitárias.
Cultura da cafeteria
A cafeteria – ou a maqha – tem servido como ponto de encontro para amigos, colegas e comunidades (predominantemente homens) no mundo árabe há séculos, e tem sido frequentemente o local principal de interações sociais e debates políticos. As pessoas conversam, compartilham notícias e informações, assistem a apresentações, jogam jogos como xadrez e gamão e, claro, discutem as notícias do dia na cafeteria. Durante o café faz-se negócios, negocia-se contratos, arranja-se casamentos, planejam-se atividades políticas.
As cafeterias ainda servem a essa função no Oriente Médio e no Norte da África até certo ponto. No entanto, à medida que as influências ocidentais se espalham, também aumenta o alcance da Starbucks e de outras cadeias de café americanas e europeias, e alguns árabes – especialmente os mais jovens – estão trocando seu qahwa matinal por um café com leite ou um cappuccino.
No entanto, a instituição que é o café árabe não corre o risco de desaparecer. Basta comparecer a uma reunião de negócios na região, a um casamento, a um jantar em família, a um iftar do Ramadan ou apenas a um encontro espontâneo na casa de um amigo para constatar que a tradição do café árabe está viva e é tão importante quanto sempre foi para aproximar as pessoas.
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Fonte: Halal Times