Carima Orra é um dos grandes nomes do universo digital para o comportamento, moda, família e público feminino, muçulmano ou não. Famosa nas redes sociais, após conquistar muita credibilidade, ela se transformou na voz feminina dos seguidores islâmicos e muitos não islâmicos no Brasil e no mundo. Suas palavras viram tendência em tempo real. Nesta entrevista exclusiva, Carima – nova parceira da CDIAL Halal – opina sobre o poder da mulher, inclusão, diversidade e sobre as oportunidades do mercado halal.
É importante ressaltar que a mulher muçulmana está causando um forte impacto na economia global. Um em cada 10 cidadãos do mundo é uma mulher muçulmana. Juntas elas movimentam quase 1 US$ trilhão. “Estamos caminhando para uma geração de mulheres cada vez mais próximas do Islamismo e ao mesmo tempo próximas do mundo moderno”, diz Carima. Leia, aproveite! Este bate-papo está imperdível.
CDIAL HALAL – Se você fosse escrever o livro sobre a mulher muçulmana, qual seria a primeira frase?
CARIMA ORRA – A primeira frase seria: A mulher muçulmana é liberdade e não opressão.
Quais são atualmente as prioridades das mulheres modernas e religiosas?
A família, sempre. A família é a base de qualquer ser humano.
Na sua opinião, o poder da mulher é subestimado?
Sim, por uma questão ideológica. A mulher que antes era ‘do lar’ hoje têm mil e uma funções! As vezes por escolha e as vezes por obrigação. Mas ainda assim, sempre subestimada: nunca está ao alcance!
Você acredita que as mulheres têm papéis fundamentais na construção da cidadania moderna?
Sim, sempre digo que somos o futuro da nação (risos). A mulher exerce um papel de agente transformador da sociedade, ela é responsável pela mudança, afinal nós criamos crianças que serão os responsáveis pelo futuro.
Quais são os avanços que as mulheres mulçumanas estão conquistando através do mundo?
Vários avanços. Estamos caminhando para uma geração de mulheres cada vez mais próximas do Islamismo e ao mesmo tempo próximas do mundo moderno. Difícil isso né? Vou explicar melhor: Somos jovens transparentes e com voz ativa. Não nos envergonhamos de nos vestirmos de maneira diferente. Temos fé e costumes. Não temos medo de julgamentos da sociedade, que tem expandido seu olhar para entender melhor o próximo.
De acordo com o Fórum Econômico Mundial , o faturamento combinado das mulheres muçulmanas as tornariam o 16º país mais rico do mundo, com ganhos totais de pouco menos de US $ 1 trilhão. Por favor, fale sobre isso.
Em 2010, havia 1,6 bilhão de muçulmanos no mundo. Esse número deve crescer 73% nas próximas quatro décadas – mais que o dobro da taxa geral de crescimento. Em 2050, haverá 2,8 bilhões de muçulmanos no mundo, mais de um quarto da população mundial. Sabem o que significa isso? Que as marcas devem se preparar para essa nova inclusão. Ano passado participei de um Modest Fashion Week, e fiz uma matéria para a Vogue Brasil. Me senti representada. Foi um banho de diversidade, criatividade e inclusão. Sabia que os consumidores muçulmanos giraram em torno de US$ 300 bilhões mundo afora em 2018? E esse número só deve aumentar, já que o islamismo é a religião que mais cresce no planeta.
Carima, o que o uso do hijab (véu islâmico) representa no seu dia a dia? O uso é uma exigência islâmica?
É uma exigência, só quem pode julgar ou exigir é Deus. Ou seja: a sociedade não intervém. Quem usar, fará pela fé. O hijab representa minha personalidade, minha forma de viver. Com ele me sinto empoderada, consigo ser quem eu sou e ser reconhecida por isso.
Como influencer, qual é o seu papel perante a comunidade muçulmana?
Apesar de me sentir lisonjeada por representar a comunidade, sinto uma pressão pela responsabilidade pelo simples fato de a religião ser perfeita, mas eu não. Faço questão de bater sempre nessa tecla. O meu papel é divulgar a religião, de forma leve e descontraída.
Qual é a importância do mercado halal para a sua cultura?
A palavra “halal” significa lícito, o mesmo que permitido, autorizado. Alimentos designados “halal” são aqueles cujo consumo é permitido no Islã porque estão de acordo com as regras contidas no Alcorão.
No Brasil, as empresas conseguem atender a demanda dos consumidores halal? O que está faltando?
Não conseguem. Quando postei algo em meu perfil, várias pessoas comentaram que não encontram em sua cidade. Ainda falta as empresas darem conta da importância desse alimento.
Hoje os produtos halal viraram referência de qualidade, segurança, higiene e saúde não só para os muçulmanos. O que é possível pensar sobre o futuro?
A segurança alimentar que antes era luxo, hoje é uma preferência, e em alguns anos será uma necessidade. Nenhuma empresa terá futuro se hoje não pensar em responsabilidade social, sustentabilidade e segurança do alimento.
Você acredita que as empresas devem se envolver com este mercado?
Com certeza, isso agrega valor ao produto. Os consumidores estão cada dia mais exigentes, e querem sempre saber todo o processo do produto.
Qual é o conselho que você daria para uma organização que pretende atingir o potente mercado halal ainda neste ano?
Buscar a excelência da certificadora é o principal caminho. A CDIAL HALAL é uma referência Global, já que está no mercado a vários anos. Com certeza é uma empresa diferenciada. Com a certificação as industrias asseguram seus consumidores que aquele produto atende todas as exigências necessárias em sua produção.
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